Não sei. Você sabe?

Chegado aquele momento que toda pessoa que escreve enfrenta: o de não saber. Passo as semanas desafiando a tela e esperando que ela me diga algo. Nada responde. Um silêncio ensurdecedor. Ouço as palpitações do meu coração nas orelhas e é somente nisso que consigo focar. Decido que o problema é minha falta de organização.

Pego uma caderneta e anoto que preciso escrever. Urgente! Segunda-feira, terça-feira, quarta-feira e nada. Um desânimo vai se formando e tento agarrar no que sempre manteve minha motivação firme, a escrita parece tão distante, tão ano passado, que começo a duvidar se um dia já escrevi qualquer coisa.

Talvez o problema seja o meu teclado.

Talvez a bagunça esteja me atrapalhando.

Talvez me falte uma agenda ou um planner.

Todos os talvezes vão criando uma pressão imensa dentro de mim. Não quero somente escrever a crônica — também quero roteirizar vídeos, vender meus cafés, estudar para melhorar a minha empresa, ilustrar cada texto escrito, publicar vídeos no YouTube, entrar ao vivo na Twitch. Quero criar.

Mas fico preso. Sempre preso no querer. Nada disso funciona. Meus títulos são pouco chamativos, minhas imagens se destacam pouco na multidão. Faço o que com tudo isso que já criei? Jogo fora novamente? Desisto culpando o algoritmo? 

Compro uma agenda para 2024. Este será o meu ano! Como foram todos os outros. E como sempre espero que sejam. Talvez seja o antidepressivo saindo do meu sistema que cause tanta desmotivação. Talvez sejam os planetas desalinhados com o meu mapa astral. 

Talvez a agenda realmente resolva. Talvez um teclado mecânico menos barulhento e sem fio.

Talvez uma lente nova para a câmera.

Se eu viralizasse…

Talvez…

Não sei. Você sabe?


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