As pitangas chegaram

As pitangas chegaram. Docinhas e ácidas na medida certa. Chegaram quando mal percebi; lá estavam elas na árvore como enfeites de um Natal. São centenas e pode ser que eu ousaria descrevê-las como milhares — tem de monte. Minha mãe, com uma toalha e alguém para cutucar a árvore, colhe as que vão caindo. Uma coleção de preciosas frutinhas bordô e brilhantes como rubi.

O suco de pitanga é tão diferente do sabor da própria, que levo um tempo até ajustar minha cognição. Quando mais novo, odiava bebê-lo, pois o achava estranho, sem graça. Mesma coisa para as próprias pitangas, que nunca dei tanta bola assim. Hoje percebo como o suco é refrescante mesmo sem gelo e a fruta tão boa de apreciar nos fins de tarde de verão.

Na casa onde morava, lá no Rio Grande do Sul, quando cheguei tinha um pé de pitangas sempre pronto para dar fruto. Aqui em Florianópolis, na casa que mudei faz pouco mais de um ano, também fui presenteado com a mesma árvore. Não a mesma, mas a mesma. De outros carnavais, com outras vivências, mas com sabor semelhante. Sabor de infância.

Sob o sol e na companhia do vento, transmitem seu aroma pelo ar. Reconheço o perfume em qualquer ocasião e fico numa espécie de nostalgia daquela memória dos tempos passados. 

A pitangueira é a conexão com quem já fui e o alicerce para quem serei. 


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