Não saber desenhar objetos ou pessoas realistas não significa que você precise desistir do desenho. Aliás, meu negócio nunca foi me expressar através da realidade. De realidade já basta… a realidade. Lendo o livro “O Homem e seus Símbolos” do Carl Jung, famoso pelo seus estudos relacionados ao inconsciente, recebi um belo empurrão para botar em prática algo que sempre quis fazer: criar imagens abstratas sem usar a fotografia.
Usar o inconsciente para criar é permitir que um lado escondido da mente converse com o exterior. Como são os pensamentos? O que ultrapassa o lado racional da minha identidade? É possível permitir que o acaso crie obras de arte?
Acho que sim. Na fotografia já fiz isso e agora deixo que minha mão percorra pela mesa digitalizadora – porque não tenho paciência pra lápis e papel – e transforme meus pensamentos em imagem.
Essa foi a primeira tentativa e espero criar outras. O que você vê? É a pergunta que faço, pois é o que pergunto a mim mesmo. É libertador permitir que o inconsciente crie, sem as amarras da perfeição, sem os julgamentos externos, sem a necessidade de criar o que todos querem ver.
Acho que isso é algo que as pessoas falham em entender no que significa arte. Arte é expressar o que está preso lá dentro, permitindo que o que divide o racional e emocional seja mais como um coquetel, que brinca com os sabores e entregue um resultado completamente novo.
Assim como esse papo doido que estou descrevendo, no meu podcast matinal ‘ei, já acordou?’, também exercito essa mesma ideia: tiro uma imagem aleatória que inspira e me desafio a contar uma história em 15 minutos.
Acho que vou mergulhar mais um pouco pelo mundo do inconsciente.
